O cinema francês é conhecido por, quase consciente e intencionalmente, se contrapôr ao americano, principalmente no que se refere a retratar relacionamentos.
Filmes americanos são boy meets girl. Os franceses falam de desencontros.
Os primeiros são conhecidos pela comunicabilidade. A plateia sempre tem uma noção de quem é o personagem e de quais conflitos ele trava consigo mesmo. O mesmo não se pode dizer nos filmes franceses. Decisões surpreendentes, quebras repentinas, longos silêncios sem nenhuma indicação do que é preciso ver ou entender.
Mais do que tudo, acredito, os filmes franceses são muito mais sobre despedidas.
Sobre o relacionamento que não deu certo. Sobre as cicatrizes que deixou.
Não é apenas não ter um final feliz, mas não ter um final. É encarar o que fica para trás como parte ainda de uma história permanentemente inacabada.
Tento não ser muito pedante escrevendo esse texto. Apenas fiquei um pouco mais atento às despedidas.