quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Hoje é dia de amor

Quem não sente amor hoje não sabe o que é ser feliz.

domingo, 22 de dezembro de 2013

"Esperar é coragem
Estagnação é tristeza" - Amanda Araujo

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Liberdade e expansão

Não tenho muitos pensamentos formados sobre o que vou opinar, farei portanto um exercício de livre escrita a seguir.

Acredito que quando se mede a felicidade, se está mensurando basicamente a liberdade e a expansão de certa pessoa. O segundo não existe o primeiro, mas creio que a existência solitária do primeiro seja a situação atual da sociedade ocidente-liberal.

A liberdade seria não só o conceito negativo de não ser incomodado, mas a possibilidade de explorar quaisquer caminhos internos e externos ao ser, havendo vasta gama de caminhos a se seguir com o menor grau de coerção possível.

No entanto, liberdade sem expansão não é nada mais do que um conceito formal. Acredito que as pessoas hoje, apesar de suas crescentes liberdades, se prendem elas mesmas a determinados caminhos, sem expansão de horizontes, de conceitos, de visões. Ser livre sem usufruir de tal condição é estar tão ou mais aprisionado quanto aquele que sofre a coerção.

A questão é que, para se expandir, é preciso ser livre e assumir o risco. Para assumir o risco, é preciso enfrentar os medos, as preguiças e a inércia. É preciso desbravar, se afogar, cair e adentrar. É preciso se desapegar de sentimentos que o aprisionam, como a raiva e o ódio, é preciso sonhar e ao mesmo tempo não se prender ao sonho e, acima de tudo, é preciso sair do sofá e desligar a televisão. É preciso também parar, pensar, refletir sobre tudo que ocorre a todo momento. Experiência sem reflexão não gera expansão.

Creio que a preguiça seja o maior algoz da vida, principalmente da minha.
A inércia é um agente sutil, mas tão pesado quanto o mundo.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Esparso desejo sonoro

Semente que brota por dentro, sem saber se cresce
Ou se é decrescida em terra escassa
Não identifica ritmo, e se perde no tom
Dança à melodia indefinida, de batida esparsa

Enquanto (de)cresce, sabe ela
Ninguém está assim tão longe
O mundo que a observe!
Será difícil não percebe-la,
pois às vezes nem ela se percebe
Se ela não for, então que seja
Isso tudo é nada para ela, pois
seu interior é por inteiro flor

Quebrando o segundo do diapasão
Sabe ela que não sonha, pois sonho
que se sonha forte não é sonho, mas
Realidade. Não importa a intensidade
do segundo, conquanto que esse
passe como fluido árido, caindo
sobre a terra vazia, preenchendo-a
até que possa, por fim, (de)crescer

Somente ela não sabe, porém
Que não é ela que sonha com a vida
Mas é sim a vida que a sonha
Sonho esse do qual não se quer acordar

domingo, 1 de dezembro de 2013

Dormi no ônibus e acordei em pé

Hoje eu acordei sem ter chegado a dormir
Fidélio disse que chegaria cedo, mas se atrasou
Arranjei dois reais pra pegar um ônibus
Dormi no banco e passei do ponto
Perdi de vista o meu caminho
Saltei distante, acordei sozinho

Encontrei Bete andando ao meu lado
Perguntei a ela se dormia acordado
Ela não respondeu, mas esboçou um sorriso
Perguntou se eu havia dormido
Dei-me conta que não sonhava
Inalava sujeira, expirava fumaça

Entre rimas dispersas, acabei muito longe
Distante daquilo que um dia foi perto
Indaguei se andava no caminho certo
Constatei a certeza de estar errado
Mais certo seria não ver sentido
Nem direção do caminho ao lado.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Se

Se eu fechar os olhos, seu corpo será minha visão.
Se eu fechar a boca, seu toque será minha fala.
E sua pele, meu paladar.

Se um dia o litoral fugir de mim, sua voz será o mar.
Se um dia o Sol se esconder, seus olhos serão a luz.
E seu cheiro, o calor.

Se, quem sabe, eu me perder, por você irei me achar.
Se, quem sabe, eu morrer, será com você que sonharei.
E, com você, vou dormir em paz.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Se Deus existe, ele tem um camera man chapado pra caralho, by the way.

domingo, 17 de novembro de 2013

A verdade é um horizonte a esmo

Somos sempre tudo que não desejamos ser
Nunca seremos o que de fato somos

Esses círculos de palavras me dão nos nervos.

Das quietudes mais sinceras.

O macaco nu está vestido.
Despido de si mesmo.
Em longo vestido.

Mesmo sozinho, sou tão só quanto a solidão.
Que por si só, não é sozinha.




sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Flutuações

Tanto quanto o humor de qualquer um, minha felicidade está sujeita às mais aleatórias flutuações que a sorte convoca.

São estímulos, energias e sensações, que permanentemente invadem meu eu e provocam repentinas mudanças, variações bruscas no meu bem estar.

Apesar disso, hei de sempre agradecer. Posso não ser lírico, nem musicalmente virtuoso, quanto menos bom escritor, mas certamente posso considerar a minha vida feliz. E ela não é egoísta, mas se expande a tudo à minha volta.

Agradeço sim, porque poderia ser muito menos do que sou. Agradeço, porque o que sou não me basta, mas meu querer ser me move.

E me mover me basta.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

O homem é um não-ser imperativo.
A mulher é um ser intraconectivo.

A interação dual de ambos gera a energia que conhecemos como luz.
Sonhei que encontrava minha professora de Português numa festa. Falávamos sobre a vida, até que ela disse:

- Mas você se tornou economista não por querer, não é? Lembro que você queria ser escritor.

- É, mas posso escrever também na economia - eu respondi, confiante.

- Mas eu li seu artigo. Ele não está bem escrito. Seus textos de 2010 são muito melhores.

Não sei por que sonhei isso. Sei que fiquei arrasado, enquanto sonhava e depois de acordado. A vida parece querer me alertar o tempo todo que estou seguindo o caminho errado, e eu continuo teimando nele.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Quarteto de dois

Flor ardente de cor mutável
Não deixe seus espinhos lhe tomarem
As pétalas que, de tão belas, envergonham-se
De tão ofuscante beleza, dessas únicas na natureza.

Ah, amor resistente, de tons fortes, tensos e claros
Não deixe esse orgulho, que lhe é tão caro
Quebrar o espírito forte que cultiva
Desde o longo início da vida.

Corpos embevecidos de amor e desejo
Não se afastem nem por um segundo
Deixem a energia fluir por seus seios
Sintam na pele toda verdade do mundo

Fraqueje, se for preciso, mas não desista
Chore, se apoie, deite a cabeça em meu ombro
A felicidade é só nossa, pois então resista
Saiba que seu sofrimento é o meu, hoje, e sempre.



segunda-feira, 28 de outubro de 2013

O sistema é mau, mas...

Há cerca de um ano (talvez um pouco muito mais) tenho focado meu tempo de estudo e reflexão para as iniquidades sociais no Brasil. Quando mais eu aprendo, mais eu vejo o fosso no qual estamos inseridos, mais eu percebo o quanto ainda temos muito que fazer para tornar nossa sociedade minimamente convivível.

Mas muito mais do que fazer, o que eu percebo a cada dia é que temos que mudar. Mudar nossa consciência, nossos preconceitos, nossas ignorâncias. Derrubar nossos sensos comuns, nossos complexos de vira lata e nossas vitimizações auto depreciativas (o Brasil não vai pra frente... 1- porque o povo é burro 2- por causa do jeitinho brasileiro).

Temos também que afastar de nós essa ideia de progresso, de "Brasil pra frente", de desenvolvimento como unica e exclusivamente crescimento da quantidade de bens e serviços produzidos no país. Afinal, não é por sermos pobres que temos pobreza. Nossa pobreza é endêmica, sistêmica, institucional e externamente necessária ao funcionamento do modelo sócio econômico que seguimos.

Não consigo entender como as pessoas não vêem que nossa desigualdade, que vai além da renda, não é consequência disso ou daquilo, mas é um sintoma da nossa sociedade extremamente hierarquizada. O que temos que derrubar são as hierarquias, porra!

O sistema é mau, mas não necessariamente minha turma é legal. Minha turma e eu somos parte dessa iniquidade e constantemente a reproduzimos. Somos o que somos por razões de berço, mas cabe a nós mesmos o processo de mudança, que é lento, penoso e provavelmente mau sucedido, ou pelo menos incompleto.

Vamos fazer um filme.

Mudança indesejada

"Fôssemos infinitos 
Tudo mudaria 
Como somos finitos 
Muito permanece".


Não poderia contraditoriamente discordar e concordar mais com esse poema. Quem sabe uma reescritura possa melhorá-lo.

"Fôssemos infinitos com nós mesmos
Tudo mudaria de dentro para fora.
Como somos socialmente finitos 
Muito sempre permanecerá"


quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Ver para crer

A verdade é um véu transparente
que colocam ante a mim
Acreditam impedir minha visão
Mesmo que feito de cetim

Ah, o pouco que desconheço
é parte de detalhes diversos
Não muda o ângulo convexo
Nada muda tudo que vejo.

Faço-me como a desentender
A ler ficção no realismo cru
Apenas por não saber o que fazer
Diante de delicado Rei Nu.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Núcleo Comum

Como massas rochosas a se atritar
Placa tectônica que não sai do lugar
Formamos um núcleo comum em nosso ser
Compartilhamo-nos ao de frente nos bater

Somos cinética energia do atrito
Resistimos a nós mesmos destruindo
antigas resistências de outrora
Fissuras que se abrem e fecham sem demora

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Muito, muito brega.


segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Desafios humanos

Para além dos direitos, creio que ainda restam muitos desafios à humanidade para consigo mesma. Hoje, temos uma liberdade formal extensa, mas parecemos querer continuar ligados a certas restrições.

A sociedade tem medo de sua intimidade, evita sua própria individualidade pessoal. Olhamos sempre para para o nosso exterior, com críticas e julgamentos, mas acabamos por evitar o desenvolvimento próprio.

Em primeiro lugar, devemos escapar dessa lógica higienista de homogenização estética da sociedade. A arte hoje se encontra em crise conceitual devido a esse ideário de objetividade da beleza.

Depois, devemos parar de olhar para o conceito "feminino" com olhar masculino. Isso deve acabar, não podemos mais suprimir nossas liberdades criativas apenas para preservar um fator de identidade sexual subjetivo, sujeito a mudanças e altamente opressor.

Por conseguinte, devemos destruir esse mito da verdade científica como única verdade. A ciência não é a única resposta e não pode assumir esse caráter absoluto e fundamentalista que tem avançado sobre toda a sociedade. Nunca faremos as perguntas certas se acreditarmos que há apenas um modo de se chegar à verdade.

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A desigualdade não deve ser entendida apenas em seu nível econômico, mas também sobre sua perspectiva cultural e artística. Até aonde nossa capacidade e liberdade de expressão está condicionada às nossas hierarquias sociais? Difícil.
Sou fruto daquilo que você semeou em mim.
Nascituro de ventre disperso, uivante, espero
Cresci nadando na própria lágrima, que
apesar de escassa, adensa todo meu ser.

O pesar engloba meu pensamento,
de tão pesado que me é pensar
Envolve-me em tantras cênicos
De beleza sutil, mas cavalar.

Sou fruto de mim mesmo
Frutificado apenas por ti
Amniótica lágrima, penso
me proteger mais assim.



sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Solange

Uivos dos mais quietos à noite
Desses que ensurdecem aquele que já não quer mais ouvir.
Visando a navalha cega
Cujo áspero corte transpassa o tecido extenso, assim.

Ah sim! Disse Solange
Exalando maestria naquilo que não se joga.
O Coito afirma, mestre é aquele
que já não quer jogar nunca de novo.

Pesada prensa essa sobre a mente
Arrastados os segundos aos quais me prendo
passando lentos por tudo que disse
Construindo barreiras com próprio cimento.

Ah não! Disse Solange
Anão é o antropófago de si mesmo
Canibal de suas membranas
Cuja víscera escorrega por sua boca.

Que piada, Solange.



segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Pro dia nascer feliz

Cheguei à sexta feira com um estranho sentimento de inadequação. Parecia-me inadequado eu estar ali, onde fosse, fazendo aquilo, o que fosse, contanto que eu estivesse sorrindo. Sorrir parecia inadequado. 

Uma sensação de despertencimento ao bem-estar, um certo peso à la slut-shamming (perdão pelo inglesismo). 

No entanto, após um final de semana de altos e baixos sentimentais, acordei hoje como se estivesse se iniciando o fim de um ciclo em favor de outro. 

O azul do céu interrompido por poucas belas nuvens, o brilho do Sol a repousar sobre toda superfície descoberta, tudo isso me abriu os olhos para como a vida - apesar de seus defeitos e imperfeições - pode sim ser boa. Não é preciso ter vergonha de ser feliz. 

Com uma aula que não se realizou, aproveitei para andar pela praia de Botafogo, admirando toda a beleza desnuda dessa cidade, a ouvir a mais bela voz da mais bela cantora desse (meu) mundo. 

O dia hoje nasceu feliz. Graças ao Sol e à Björk. 

sábado, 12 de outubro de 2013

947 coisas atormentam uma alma. Uma alma atormenta outras 639.

Não sei porque, mas a cada dia que passa é mais e mais difícil estabelecer um contato. Sempre que os vejo, quero lhes dizer: olhem! Vocês não estão percebendo? E a resposta é sempre muda.

O silêncio é o atormento daquele que só fala, mas é a inspiração para aquele que geralmente diz alguma coisa.

Silêncio é o vazio que preenche a alma. O amor é o cheio que esvazia os tormentos.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Devaneio

“Os ricos dizem: sejam discretos, que talvez eles não percebam. Os pobres dizem: façam barulho, quem sabe eles percebem”. 

terça-feira, 24 de setembro de 2013

"É que eu me distraio muito"

Somos a urgência de um ensurdecedor silêncio, diante de diversos ruídos dispersos, como se fumaça tóxica profundamente inalada.

Não sou, mas aparento, um eterno reflexo da imagem que tanto desejo suprimir, um acaso, um fervor que borbulha sob a fria tampa de vidro grosso. Por devaneios e frenesi, divago, eterna e internamente, implodo, mas imploro por explosão. Urro baixo, bato infantilmente os pés, mas me vejo sobre água rasa, escura.

Pausa.

Pausa para deixar de ser, para colocar outra palavra, me afundar em linguagem torpe e, quem sabe, esquecer o que sou. Não sou, mas aparento.

Fragmento líquido de um todo sólido, telhas sob céu aberto que vagarosamente caem, chuva forte sem nuvens escuras, me desmancho ao me molhar. Luz que cega mas aquece, desejo o calor ou prefiro a visão? Tremo de medo das palavras, desses símbolos trêmulos de frágil acesso, bordas claras de um caminho curvo.

Desgosto do escuro.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Apenas estando longe de si mesmo é que possível se aproximar de alguém.

O distanciamento é o primeiro longo passo para o autoconhecimento, além da proximidade para com outrem.

Sair de si, diga-se assim, é se libertar das primeiras amarras do egocentrismo, se desacorrentar da própria perspectiva para saborear mais livremente os sentimentos compartilhados, esses que só se manifestam em união.

Deixando-se de ser um, abre-se a primeira porta para sermos dois, ou quem sabe mais.

A redundância didática está na necessidade de compreender o mesmo conceito por diversas palavras.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Minha curiosidade está na distância, no pouco entendimento que tenho de tudo. A miopia não está apenas na visão, mas também na compreensão do horizonte.

Meu desejo de saber o que se passa em pensamento vem da extrema dubiedade dos sinais que são passados, ou mesmo da falta de capacidade de interpretação de minha pessoa. Tanto um quanto outro validam, ao meu ver, meu anseio.

Não digo que preciso saber de tudo. Afirmo, no entanto, que minha vontade se extende para além da necessidade, mas sim da totalidade de sentimentos que gostaria de conhecer para poder assim, quem sabe, compreender.

Tudo é uma reação. Toda reação é um sentimento. Toda reação provoca um sentimento.

Somos muito por sermos tão pouco.

Divagar é preciso. Quanto mais refletir.

Não pretendo saber o que é o ódio ou o rancor. De sentimentos como esses, prefiro me ater à ignorância.

Erro, julgo mal e, justamente por isso, tento julgar pouco. Não vim ao mundo para criticá-lo, mas para aprender com ele.

Estou tão perto da plenitude quanto a abstração está próxima ao concreto. O absoluto é tão real quanto a falsidade do relativismo. A moral é algo a se desconstruir logicamente, apenas para se prender mais a ela. A lógica é tão ridiculamente frágil quanto a própria existência.

Ser pleno é ser o que se deseja, conhecendo tudo que é possível ser.

Para se alcançar a plenitude, é preciso primeiro amar.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Dois

O futuro é o presente que não chegou, por isso nossa tamanha ansiedade, como crianças esperando o Natal.

Não há futuro para mim. Não pela falta de esperanças ou perspectiva, mas tudo que almejo hoje é supérfluo, marginal comparado ao que estou vivendo. Estou concentrado demais desfrutando o presente que já tenho para esperar ansioso por aquele que ainda não chegou.

Ansiedade é passado, amor é o maior presente de todos. 

Personagem 2

A densidade do seu toque, tão leve quanto forte, assim tensiona minha torta alma, em desfalque cavalar. Tudo roda, tudo gira, apenas eu permaneço parada, nessa que mudança estática, sádica.

Por que me vejo tão pequena quando lembro de você? Mesmo sabendo que estou em minhas lembranças, sou vaga, quase um detalhe na sua presença, que se expande, adentra meu pensar. Sou pesada, com necessidade de ser, mas me sinto tão muito pouco ao lembrar do que fui contigo. E pior: assim repouso em serenidade, sem mais nada precisar.

sábado, 7 de setembro de 2013

Personagem

Perco-me no peso da sua voz, que se expande em espaço ínfimo, infinito, dentro de mim. O ar tóxico de seu suspiro ainda bate em meu pescoço quando sonho, quando pesadelo de sua presença. Ainda não sei o que sinto, sinto dizer. Nem sei se gostaria de saber. O ambíguo, assim, torna-se mais que desejável, mas necessário à minha sanidade, ao meu talvez querer.

Talvez devesse querer menos, talvez o que eu queira seja demais ou muito pouco. Inadequado é sempre o que quero, mesmo sentindo que fosse tudo isso, seria pouco, muito pouco.

Vejo depois tudo uniforme, lateralmente. Mas você tudo une, em massa disforme, móvel, tensa. Creio na unidade de sua onisciência sobre mim, desnudando minha mente que nem eu nunca vi despida. Sua presença queima aqui dentro, como fantasma sólido, que adentra transcendentalmente meus interiores, mas com prazer carnal. Meus sonhos são a matéria que você molda a sua bel vontade.

Mas ainda pesa, sua voz. Seu cheiro lento ainda me atrai.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Nostalgia Reversa

Não tenho muita intenção de escrever algo muito bom dessa vez. Escrevo agora para registrar - quem sabe para a posterioridade - a minha felicidade hoje ao lembrar de certas coisas do passado, e ver onde estou agora. É muito bom ver antigos amigos fazendo o que sempre sonharam, conquistando seus sonhos pouco a pouco, e sentir que eu também estou caminhando pela estrada certa.

Estou hoje como nunca estive: calmo, alegre, sereno e impulsivo. Sigo minha vida sóbrio, mas sem perder a paixão de viver. Não preciso mais estar bêbado para me sentir leve, não preciso mais estar entorpecido para pensar fora da realidade. Sinto-me cada vez mais harmonicamente integrado com tudo à minha volta.

Sinto-me, talvez, cada vez mais quem eu sou de fato.

Essa nostalgia reversa que me acomete agora, com essa saudade projetada de hoje, lembrando do ontem, é algo que eu nunca experimentei antes. É algo totalmente diferente e único, algo que não creio que vá se reproduzir novamente. É e não é ao mesmo tempo, está por um triz em sua imensidão imperativa, colocando-se imponente mais firme do que a probabilidade.

Sigo, pela primeira vez, confiante.


domingo, 1 de setembro de 2013

Silêncios

Esses silêncios, tão barulhentos
Tão cheios de sentimentos

Não preciso de som para ouvir as ondas que batem de mim e voltam por ti. Os silêncios hão de preencher os espaços que existem entre a proximidade e a unidade, o chão e a superfície, o céu e o horizonte.

Não preciso de visão para ver a luz que emana de seus olhos. A luminosidade há de se mesclar com os silêncios, se entrelaçando em nós que nos libertarão nessa sintonia orgânica, tantas vezes dinâmica.

Enquanto a felicidade escorre por entre essas pernas, eu descanso em mim mesmo, aos poucos percebendo o que é preciso para sair do que sou e chegar aonde quero ser. É esse breve limiar que ainda falta, tão distante quanto o mar e o céu.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Amanhã virá

Tão cedo quanto ontem. Ao abrir seus olhos verá, o escuro se disformando em claridade. Terás a mim ao seu lado, olhos repousados no seu rosto, a tentar enxergar aquilo que ainda falta compreender, talvez mesmo visualizar. O que me sobra de sentimento, falta-me em entendimento do que nos faz ser tanto em tão pouco, o infinito em dois que se formam como um.

Resta-me pouco mais do que sonhar com o amanhã, no qual a realidade se mostrará mais atraente que o sonho, ou mesmo o devaneio. São tantas as travas, as dificuldades, e mesmo assim, ao olhar agora para você dormindo, mais serena que Veneza, tenho certeza que o horizonte está cada vez mais próximo, ainda a esmo, mas certeiro.

Sonho em continuar sem necessidade de sonhar.

sábado, 24 de agosto de 2013

Psicofarma Social

A Psiquê estará sempre subordinada ao Eros, refém de seu próprio olhar.

Burrices em série

Se das juras de amor damos ornamentos ao tempo, que seja, não é difícil aceitar a beleza das palavras, pois não são ao vento.
São essas imóveis, rígidas, que como dardos se fixam nas páginas que escrevemos, apenas para apontar o óbvio.
Talvez seja redundante, pode até não ter motivo de assim ser, mas afinal, nem tudo precisa de um fim, ainda mais quando sabemos que estamos começando apenas.
O amor será o meio pelo qual teremos um ao outro, mas para que tenhamos nossos sonhos realizados, precisamos antes sonhar.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Tic Tac 2

Das sete ao tardo pulso do sino da igreja, estamos nós prensados pela imperativa submissão ao relógio. Mal sabemos que, ao tentar controlar o tempo, acabamos controlados pela hora, essa medida imprecisa e contínua, que nos submete ao pesado fardo do horário.

O mundo passa o tempo de maneira cíclica, por vezes pendular. Quando se acaba um ciclo, inicia-se outro, seja por luas ou estações. Não há começos ou finais no tempo dos cosmos, apenas transições rotatórias. Ainda assim, insistimos em ver o caminho da vida de maneira linear, com os anos passando no calendário e os fios brancos a aparecer na região capilar.

Por enquanto, continuamos com os ponteiros apontados para nossos corações, reféns de opressivos relógios, de parede ou de pulso, analógicos ou digitais. Formas diversas são as que criamos para nos aprisionarmos nessa reta à insanidade, para o fim sem começo, para o começo destinado a um fim.

Mas um dia, quem sabe, nesse eterno pendular do universo, haveremos de encontrar um ponto no qual nos libertaremos desse limitado cartesianismo temporal, a fim de alcançar - quem sabe - a plenitude com nosso próprio tempo.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Branco, verde, alto, grande.

O que há por detrás dessa cidade, dessa pomposidade, dessa aparente beleza que se faz por grandes janelas verdes, é a falta de uma estética orgânica, mesmo que profana, mas ainda assim original. O luxo é o nêmesis do rótulo, ápice do invólucro, e não deixa de ser parte da podridão. Não queremos mais ser além do que temos, mais do que aparentamos ter, e isso pode vir a ser fatal. Se não para o corpo, para a mente, para alma, até para o coração.

Preparem-se para se destornarem.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Expansão Marítima

Navegamos por nós mesmos, no balançar doce das ondas que nos levam sem pensar.

Pois escolho a escotilha, por ela descansarei minha visão na deriva, a fim de ver o mar.

Esse que me envolve em sua imensidão, que me inunda meu desejo, ah, desespero,

Como anseio mergulhar. Pois o meu sossego, bom, esse só no fundo se dará.

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O mundo gira e cá estou, parado, no aguardo, mas nem sei de quê.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

O pouco que digo do muito que sinto é isso: o sétimo mar oriundo do quinto dos infernos... Mas de três finais possíveis, ainda é a primeira vez.




(Cansei de falar em metáforas, é a última vez que faço isso isso nessa semana. Só uso as palavras erradas, me sinto observado e, assim, enrolo minha escrita, tomo caminhos tortos, somente para chegar no lugar que você já sabe qual é)

Muitas palavras, pouco sentido

Notícias corridas, coisas vividas, tudo faz parte da vida.

Visando a mim mesmo, com tiro certeiro, acertando no que resta de mim.

Pode ser coisa pequena, um telefonema, uma tarde por fim.

Essas são como pouco tidas, uma carta não lida, talvez correspondida. Quem sabe?

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Chegando ao destino, pergunto-me a que me destino

Compartilhar meu sentimento e me inscrustar no encerramento

De tudo que havia, havia o melhor aqui dentro?

Mas sim, resisto, porque a vida não pode ser só isso.

Esse chá de sumiço, que tomo para aparecer só pra ti.

Entro, e lá dentro eu sinto: enquanto aí estiver, não desisto.

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Há interiores mais profundos.
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A luta é a mais forte das questões. A questão é a maior das lutas.
De pouco me vale o que sou. Sou quase nada, perto daquilo que há diante de mim. Eu ouço a pergunta, para depois dizer o tão esperado...

A verdade é aquilo que desconhecemos em nós. Intangível, pouco crível, mas sabemos (sentimos) que está lá.

Para o pior, por ela desesperadamente buscamos e, quando cremos que a alcançamos, nos vemos a sonhar.

O sonho é a verdade da mente, aquela que não mente, por desconhecer a mentira. O real está no que sonhamos.

 - Meu Deus, que coisa mal escrita -

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Palavras são um horizonte a esmo, mas, sem querer, eu vejo, mesmo a distância querendo me esconder.
Por linhas curvas se escreve errado, ortografia ao contrário, harmonia sem acorde.

Ouço a baixa melodia e, ao notar as poucas notas, tomo nota: não há porque tentar limitar o indefinido, nem expandir o ilimitado; essas são incongruências que dançam juntas entre si, numa mescla perfeita de valsa e capoeira.

Poucas coisas estão no lugar certo, porque não há o que se apontar de errado em suas localizações. A absoluta certeza só é de fato certa quando sentimos nos nossos pés.

Sim, nos pés.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

O que há mais no fundo?

Os lírios se abrem assim, sem pressa, por mais que insistamos em regá-los.

As flores são a maior expressão de desejo da natureza, essa imagem à qual nos apegamos de beleza.

Mal sabemos nós, o bonito é o caule levando a água arduamente da raiz até a ponta.

Deveríamos nos espelhar na dedicação do caule, não na imagem das flores.

Afinal, só assim elas se abrirão.
O porquê de tanto a se fazer, com tão pouco tempo a ter, é a pressa que nós temos de sentir. Pois o sentimento é um imperativo natural, algo do espírito que emana e ao qual temos que nos submeter.

Inspiro profundamente, procurando inspiração. Suspiro forte, a fim de exaustão.
Pouco me importa o conflito. Não há almejo de destruição no sentimento. Pois afinal,

Faz-se a insanidade por querer destruir o que se deseja ter.
Não há prêmios que mensurem isso. Não há prêmios.

Enfim, canso. Nada disso é o que quero, como se sabe.

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Pouco vejo. Nada prevejo. Cambaleio pelo desejo, a tudo isso alheio.
Ignorância é desespero.

Ignorar é o que tenho.
De qualquer forma, aqui estou. Entregue, então por mim navegue, sentimento. Sou inteira e absolutamente seu.

Mesmo que isso seja pagode

"Eu danço. Meio desajeitado, sem saber o que fazer com os braços. Mas meu ritmo segue, por vezes quebrado, com pisadas tortas, porém, que se importa? O importante é dançar.

Sei que amanhã estarei de joelhos. Não questiono o quebrar traiçoeiro. Mas sei que, ao acordar, vou dizer para mim mesmo:

Dancei."

sábado, 3 de agosto de 2013

De quando em quando, dois mais dois são cinco, tanto quanto um mais um acabam sendo muito mais do que dois, mesmo que em um. A matemática é a mais inexata das ciências, seus símbolos são facilmente desmembráveis e sua lógica pode ser completamente invertida. Nada é certo.

Pouco temos para nos apegar além do acaso, do que o caos do universo tem a nos oferecer. Não há direção definida, quanto menos um sentido a se seguir. Estamos nadando no aleatório.

Quando acho que estou fazendo tudo errado - o que ocorre frequentemente - lembro que não é o que eu faço ou deixo de fazer que determina meu presente, ou o futuro. Tudo há de se convergir por si só, eu sou um grão de areia diante da enorme praia do mundo.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

O Dia Seguinte Ao Amor

Quando a luz estender a roupa nos telhados
E for todo o horizonte um frêmito de palmas
E junto ao leite fundo de nossas duas almas
Chamarem nossos corpos nus, entrelaçados

Seremos, na manhã, duas máscaras calmas
E felizes, de grandes olhos claros e rasgados
Depois, volvendo ao sol as nossas quatro palmas
Encheremos o céus de vôos encantados!...

E as rosas da Cidade inda serão mais rosas,
Serão todos felizes, sem saber por quê...
Até os cegos, os entrevadinhos... E

Vestidos, contra o azul, os tons vibrantes e violentos
Nós improvisaremos danças espantosas
Sobre os telhados altos, entre o fumo e os cataventos!

terça-feira, 30 de julho de 2013

noite afoita, a foice

Enquanto tudo que eu queria era a sua presença, preenchi-me de vazios, resquícios de anestesia gelada, fraca.

Essa noite me mostrou a solidão coletiva, o copo cheio, cheio de nada que eu queria. Mas se não esquece, nem promete, pelo menos amortece.

No fim, tudo desacontece.

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Quero você. Apenas você. Não preciso de nada disso, nem quero, nem desejo.

Meu receio é vago, quiçá abstrato, mas minha saudade é concreta, palpável a ponto de poder, em meus sonhos, pegá-la em minhas mãos.

Mas que sonhos? Só divago com a distância em meu sono. A proximidade ainda está a cá, mas perene e difusa. É quase como Pinoli, faz diferença, mas não se faz notar.

Sei de tão pouco, mas sinto tanto.
Como também sabe, sei que te amo.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

E sim

Com certeza, o amor é o último laço que nos mantém conectados ao universo, a essa energia que flui por entre nós. É ainda esse sentimento que consegue segurar por si só os elos que criamos e alimentamos, mesmo que de forma capenga.

Portanto, é o amor que nos salvará. É nele que devemos mergulhar e fortalecer. É através dele que poderemos nos salvar.

E sim, te amo. Te amo mais do que tudo que já amei. Te amo mais disforme e imperfeitamente possível. Meu amor é errático, embevecido, mas cresce, engrandece, mesmo que tomando tudo à minha volta.

É esse amor que me salva e me protege da doença do mundo. É ele que realimenta minha vontade e fortalece meu desejo.

É você a responsável por esse amor. Por isso também que eu te amo.

Eu te amo muito.

Intransigência

Nosso mundo está doente. Não é muito difícil perceber, ligue a televisão e verá a podridão se espalhando por nossas consciências. Resta pouco ainda da nossa essência ainda viva, orgânica.

Estamos cambaleando por um caminho perigoso, esse das relações inorgânicas, dos hábitos mecanizados, das preferências higiênicas, das necessidades padronizadas. Quando antes achávamos reforçar nossas individualidades, as vemos hoje em uma grande pasteurização em massa.

Perdemos o contato com o universo, com essa energia cósmica que nos circunda e guia. Perdemos o contato com nós mesmos, com a essência que compartilhamos e criamos juntos. Estamos nos afastando do fluxo de energia que nos mantém vivos e, principalmente, ativos.

Estamos cada vez mais longe do que somos.

Estamos ainda mais distantes do que está a nossa volta.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Soma improvável

Nada é certo, muito menos a incerteza. Pouco sei, senão nada, mas que meu amor pulsa, se espalha e engradece, englobando tudo à sua volta. Minha vida não passa de externalidade, algo pouco, quase nada, quando comparada ao que somos.

O amor é a única soma em que dois são um, e que esse número é muito mais do que dois, mas o Infinito por si mesmo, possível, mesmo que impalpável, mas sim, tangível.

É, somos mais. Somos muito mais do que sabemos agora.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Estrela da Manhã

Estrela da manhã aparece ainda, com o dia, com a expulsão das nuvens tristes, com o céu forte esboçando esperança para o acordar. Estrela nova tão cega pelo próprio brilho. Estrela minha, me diga em mim o que eu sou realmente de você. Esnoba com um sotaque impermeável, uma fórmula nata de desfazer. Disfarça-se de santa, de muda, de adulta. Permuta os sonhos no mercado dos encontros e os vive como uma realidade psicodélica. Estrela viva, viva. Estrela sonora que bate e que canta, diga. É isso que lhe falta.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Balde de lama

Caí num balde de lama
Caí? Estive sempre nele.
Perdido, cego, sem querer ver
A sujeira da proximidade
A mentirosa amizade
A necessidade do não-ser

Não quero, não hei de sucumbir
Mesmo que com meus próprios braços
Do balde de lama hei de emergir
Talvez pútreo, mas digno.

Chega de ingenuidade.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

A insônia ainda pulsa, mesmo que fosca. São as lembranças, e não mais os sonhos, que adoçam meu pensar, mas amargam as palavras que saem de minha boca.

O amor não deve ser questionado, quanto menos merecido. Se está lá, é legítimo. Ele basta por si próprio.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Ciclovias de nós mesmos


Fui dar uma volta de bicicleta hoje à tarde. 

Na volta, como a ciclovia estava vazia, resolvi tentar abrir os braços e me equilibrar apenas com as pernas. Consegui por alguns segundos, quase caí, mas me segurei. Da segunda vez, consegui por um minuto, quase caí novamente, mas me segurei. E assim fui repetindo a sequência, até que por fim tinha conseguido andar uns bons minutos sem os braços. 

Foi libertador sentir o vento batendo sobre meu peito aberto, os carros engarrafados ao lado, torturando-se com as mais diversas buzinas. A bicicleta é a maior expressão da vida por si mesma, cujo pensamento vazio enche cada milímetro do meu ser, aliviando todo o peso da existência. O absurdo desse mundo ganha sentido, mesmo que o vejamos embaçado.

Afinal, é assim que vivo, abrindo os braços, mesmo sob o risco de cair. No fim, acabo expandindo meus limites, almejando novas possibilidades. Decido tais ações sem muito pensar, ou mesmo imaginar a queda. Porque cair faz parte, levantar é inevitável. Temível é imaginar uma vida não vivida, repleta de decisões que decidi não fazer, realizações não realizadas, beijos não dados, energias não trocadas. Porque são essas experiências que nos engrandecem e nos levam para mais perto da plenitude.

Afinal, de que adianta sobreviver à vida sem que vivamos? 

Encontrei ontem um ancião na praia. Fui fazer perguntas, mas escutei silêncio.
Ele permanece deitado, dormindo ao canto de Iemanjá, a canção mais antiga do mundo.

Mas rio, Rio de Janeiro!
meu único bem
ao qual sinto pertencer
Queria que também fosse     .

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Carnaval de Karma

Sentei-me na esquina do avesso
Virei-me todo de lado
O valor nada me vale.
Tudo tem um preço?
Do carro à carne
Mas sou averso.
Ah assim mesmo
Mesmo contraditório
Repetitivo e simplório
Então, o que me vale?
Nada do que tenho tenho apreço.

Apalpei o escuro, senti sua nádega
Dai-me vinho, pois a vida é nada
Talvez café, pr'aquecer a alma
Esqueça, era só ferver a água.

domingo, 30 de junho de 2013

A felicidade está nos detalhes

Pouco antes do jogo, fui para minha antiga rua na Tijuca, relembrar um pouco de tudo. Às vezes, estou olhando sempre tão a frente que esqueço um pouco do que deixei para trás. A nostalgia daquelas lembranças me atingiu em cheio e algumas poucas memórias prevaleceram:  o homem da doceria, que sempre vendia "sonhos" pra mim, e o Seu Miguel, para quem eu sempre perguntava as horas na volta do colégio.

Sim, a felicidade está nesses detalhes da vida, dos quais nem sempre nos damos conta. Está no "Bom dia" da Joana, na resposta sempre igual e bem humorada do Seu Miguel, e claro, daqueles maravilhosos sonhos que comia sem me preocupar em me sujar. Quando percebemos essas pequenas coisas, não temos como negar que a vida tende à felicidade, e as tristezas e angústias serão sempre passageiras.

sábado, 29 de junho de 2013

O Mundo (Tarot)

Provavelmente uma das cartas mais positivas do Tarô, o Mundo representa completude, perfeição, elevação, abertura, desprendimento , suavidade e felicidade. Representa o fim de um ciclo e preparação para um novo começo, é o desfecho da viagem arquetípica iniciada pelo arcano sem número, o Louco.


quinta-feira, 27 de junho de 2013

Tic Tac

O tempo flui como areia em minhas mãos quando estou com você.
Que vontade que tenho de fechá-las.
Poder parar o tempo, mesmo que por pouco tempo,
para pode te amar, sem que o tempo me preocupe.


terça-feira, 25 de junho de 2013

Me distancio de mim mesmo para chegar mais perto de você. Cambaleio no caminho, até tropeçando por vezes. Mas, mesmo que caia, acabo sempre levantando de novo.

Somos um tango, um tango argentino de Piazzolla.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Difícil falar todas essas coisas, como você sabe. Às vezes é melhor falar o menos possível.

Sim, Maria, te amo. Não tenho mais medo de dizer.

Te amo muito.

IBGE, Joana e você

Hoje me desliguei adiantadamente do IBGE por um engano do meu chefe e, sem que eu pudesse saber, acabou que o dia foi destinado às despedidas. Como tinha imaginado, ouvi muitos "adeus", desejos de sucesso, promessas de reencontro, tudo previsivelmente vazio e, até digo, descartável. A menos por uma pessoa, é claro. De fato, ao saber que eu estava partindo, Joana fez uma cara de surpresa e disse: "Mas já, menino?!".

Joaninha, como é chamada (provavelmente por sua baixíssima estatura), é a faxineira do meu andar, e foi a pessoa pela qual eu tive mais empatia desde quando entrei no IBGE. Todo dia, ao chegar às 8 da manhã, ou até mais cedo, era recebido por ela com um caloroso: "Bom dia, Daniel!"; para o qual eu sempre respondia na mesma entonação: "Bom dia, Joana!"; o que acabava me dando forças para aguentar as 4 horas seguintes fingindo estar fazendo alguma coisa. Por incrível que pareça, esse único contato - pois nossas conversas eram raras e limitadas a gostos pessoas de bebidas - foi o suficiente para, em pouco mais de seis meses, criarmos uma relação de amizade mais verdadeira e única do que a que tenho com muitas pessoas com quem estou diariamente em contato.

Após muitas reclamações da parte dela, afirmei que não tinha mais jeito, precisava seguir trabalhando mais e por mais dinheiro, o que no final acabou sendo compreendido. Por fim, ela me deu um grande abraço e um beijo - no ombro, porque é até onde ela consegue chegar -, o único que recebi nesse dia. Ela foi a última pessoa da qual me despedi, e acabei por me demorar demais para ir embora.

Se algum dia me perguntarem do que mais eu sinto falta do IBGE, não hesitarei em responder que minha saudade daquele lugar está sobre a cantoria esganiçada e desafinada de Joana pelos corredores, ou, quem sabe, de seus discursos absurdamente conservadores, deslegitimando quaisquer manifestações políticas, mesmo que pacíficas. Tenho certeza que esses detalhes são os maiores presentes que a vida nos dá, e que acabam sempre nos marcando no tempo.

Adeus Joana, até um futuro contato.

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Hoje concluí que, se é melhor para a situação nossa atual abstinência um do outro, então que se foda, deve valer a pena esperar por você, por sua voz lilás no meu ouvido, seus olhos de imensidão luminosa atentos aos meus, sua pele suave em contato com a minha. Eu aguento por mais algum tempo.


Crônica de Cama

Acho que desaprendi um pouco a acordar sem você ao meu lado, sem sentir sua suave pele suada agarrada à minha, sem te ver por poucos preciosos momentos tranquila e serena como a manhã, sem poder te beijar enquanto ainda dorme e sonha.

Pois dormir sem ter ouvido sua voz o dia todo foi, acredite, literalmente quase impossível. Por sorte, ao cobrir minha cara com o cobertor, descobri seu cheiro de sexo e sono ainda cheio, presente, forte, imponente. Assim consegui alguma paz para desacordar.

Falando nisso, lembrei que no último dia em que você dormiu aqui, eu acordei totalmente abraçado a ti. O que é isso? Que força é essa que atrai ambos braços meus à sua pessoa, sem que nem ao menos um possa ficar levantado, como diz a tradição?

Não sei se na cama sinto mais falta do sexo ou de nossas conversas, por vezes bobas, por vezes sérias, sem sempre lúcidas, mas sempre palpáveis, verdadeiras e extremamente íntimas. Ok, sinto mais falta do sexo, mas o páreo é duro.

Acordei pensando no conto que estava escrevendo, queria saber se avançou na estória. Dei uma lida ontem num livro do Cortázar e lembrei dos rumos que tínhamos pensado para suas linhas. São essas coisas que gosto tanto na gente. Os olhares apaixonados, os minutos em silêncio, os beijos frequentes, as ideias que nós temos.
Eu realmente te amo. Eu realmente amo esse amor.

domingo, 23 de junho de 2013

Preencho meu tempo com vazios, suprimindo a falta pelo excesso de nada. O sono reflete a ausência dos sonhos, e o silêncio ensurdecedor embaça quaisquer  sons à volta.

Pouco há a dizer, menos ainda a se fazer. O tempo flui como se pedra sobre areia, minha mente gira apenas em torno de ti.

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Para variar, não basta não ouvir sua voz, mas não saber como você está, se está bem, se está feliz. É isso o que lentamente me mata.

sábado, 22 de junho de 2013

Detalhes impermeáveis, de sotaque esnobe

Hoje te exigi, coagi e me excedi. Colocar sobre suas costas mais um fardo nunca foi a minha intenção, pois de fato, a leveza é o que lhe busco.

Sua subjetividade me encanta, seu lirismo me fascina. Se sou claro, certo, és o contrário, és a noite mais estrelada, cuja lua ilumina, mas não clareia nada.

Não nego, sonho. E os sonhos teimam em querer se fazerem realizados, mesmo sob a ameaça das piores dores de parto. Mas garanto, hei de guardá-los, para que em outro dia, possamos juntos acordá-los.

O Amor é a Lei. E estou sob seu julgo.
Tudo que lhe desejo nesse momento é força. Você vai precisar, muito.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Sexo, amor e afins

Mal você foi embora e minha cama já não parece tão convidativa. Sua presença ainda rodeia meu quarto, minha casa, como se já habitual.

Hoje concluí que o amor é a saudade adiantada, o excesso do pouco que falta.

Falta muito pouco para nós dois.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

De repente

Nossos sonhos parecem estar a um palmo de distância. E os devaneios se tornam projeções, planos.
Tudo pelo qual esperamos, nossos anseios, nossos desejos, tudo está finalmente ao nosso alcance.

Meu amor por você nunca foi tão forte.
Sinto que, após um turbulento prólogo, hoje começa o primeiro capítulo de nossa história. E que bela história será...

domingo, 16 de junho de 2013

Sempre que te vejo, vem-me um sorriso ao rosto

Para além dos clichês de Camões, o amor é uma droga pesada, cuja abstinência nada pode curar se não esse próprio sentimento. Sua dependência é feroz e pode começar desde a primeira vez que se sente seus efeitos. Rapidamente se perde o controle da situação e a paixão neblina tudo que a ela não se relaciona, perdendo-se todos os focos em poucos dias.

E pior, o único tratamento possível - adverte o Ministério da Saúde - é se deixar apaixonar.

Cada vez mais que me percebo entrelaçado nessa teia, mais vejo que não devo lutar contra ela. Se o amor é uma areia movediça, devo então deixar-me nela afundar. Porque não vale a pena tentar controlar a situação, há muito que já nada posso fazer - e nem preciso.

O amor basta por si próprio.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

O que és

Seus olhos são como o céu refletido no mar.
Infinitos, luminosos e profundos.
Sua voz é calma, provocante, meiga e excitante.
Sua pele é quente, vasta como um deserto de areia sem fim.

Perco-me em seus olhos.
Fujo para a sua voz.
Tombo sobre sua pele.

Sua mente, porém, é uma incógnita para mim.
Não importa, sua essência eu já conheço e, como bem sabe, amo. É tudo que preciso conhecer de ti.

Andrômeda

Li aquelas duas palavras que tanto falamos um ao outro, direcionada a outra pessoa. Contextualizo, mas, ainda assim, sinto.

Pensava antes que estivesse você acorrentada, mas percebo agora que é sobre mim que estão as correntes. Estou aprisionado a ti, imóvel, incapaz de qualquer ação ou reação.

Sou como Andrômeda, que se sacrificou a Poseidon, acorrentando-se a uma pedra no meio do mar, esperando que a maré enchesse.

Estarei eu destinado a me afogar?
É esse o desejo de Iemanjá?
Nada sei, nada posso saber.
Apenas me deixo levar.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

12 de Junho

Não que essa data signifique muita coisa, mas quero comemorar o próximo com você


Incomum pensamento
Noite atrás
a minha pele encontra a tua
E horas atravessamos
Chamamos por um sono
Que nossos corpos em sonhos
Jamais nos deixaram chegar
E assim fez-se o dia
Com a mais impune benção
Dos nossos desejos.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Hoje resolvi voltar de bicicleta para casa da faculdade. Enquanto estava na ciclovia, uma criança passou à minha frente. Senti-me desafiado e, em silêncio, começamos uma corrida informal até o fim de Copacabana.

De fato, é impossível saber se o garoto competia mesmo comigo, afinal, não trocamos uma palavra. Mas, mesmo assim, passamos um ao outro diversas vezes e, como conclusão, cheguei ao fim praticamente sem pernas, mas triunfante.Olhei para ele passando, ambos com um sorriso no rosto, pela brincadeira silenciosa.

Logo em seguida, após chegar em casa, resolvi tomar um açaí e andar um pouco pela praia.

Caminhar sobre a areia, dar um mergulho no mar, e receber, logo em seguida, uma ligação sua foi uma das melhores sequências de acontecimentos que poderiam ter ocorrido nesse dia. Sentir o Sol na minha pele e o som da sua voz no meu ouvido foi de tal maneira apaixonante, que não consigo pensar em como a vida pode algum dia ser ruim ao seu lado.

Tudo que me falta nesse momento é você aqui, indo tomar banho comigo logo após a praia, para podermos descansar em seguida. Sonharei com essa imagem hoje.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Par délicatesse J'ai perdu ma vie

Iemanjá é conhecida por muitos nomes. Dentre eles, os africanos adotam "Princesa de Aioká", que é como eles também chamam o fundo do mar.

És assim para mim, como a profundeza das águas salgadas, nas quais meus olhos ardem e nada consigo ver. Sinto-me a deriva, levado pelas correntezas, sem saber para onde estou sendo levado. Porém, abraço esse desconhecido, pela certeza de que chegarei a um lugar melhor.

Os filhos de Iemanjá têm certo medo do mar. Mas eu o amo.

Assim como amo você.

domingo, 9 de junho de 2013

Madrugada

O céu se ilumina todos os dias pela manhã
Seja ela fria, quente, ou vazia.
Afinal, a luz há de prevalecer.
Mesmo que os segundos passem sem que se perceba.

Marcas se acumulam, cicatrizes que ficam
Elas não são nada
São lembranças agridoces de momentos
que coloco de molho ao lado.

Correntes, que antes pareciam frágeis
Se amarram hoje inquebráveis.
A tristeza de ver essa prisão
não é maior que a de quem está aprisionado.

Mas triste mesmo é pensar
Em um dia que não haverá de amanhecer
Quando o sonho anoitecido
por teimosia não te deixará acordar.

sábado, 8 de junho de 2013

E agora

Tantas vezes me mataram, tantas vezes eu morri, no entanto eu estou aqui, ressuscitando

sexta-feira, 7 de junho de 2013

É impossível amar pouco

O amor é um sentimento de excesso.

domingo, 2 de junho de 2013

O estado de emergência

"Amor não é aquilo que te deixa feliz, calmo e tranquilo. O nome disso é Rivotril", já dizia o poeta. E, de fato, não sei como se pode fazer essa confusão tão dramática de sentimentos. Apesar de que se pode fazer uma diferenciação entre amor e paixão, e questionar qualquer padrão para algo tão individualizado quanto o que sentimos, é certo que nunca vi na minha vida alguém verdadeiramente apaixonado e tranquilo ao mesmo tempo.

Na verdade, tenho observado que as pessoas costumam associar o amor à felicidade quase que automaticamente, e às vezes de forma tão simplista que me dá calafrios. Culpo em parte o câncer das comédias românticas genéricas, vomitadas em nossas salas de cinema pela desgraça que se tornou Hollywood, mas sem tirar o papel das nossas ilusões de casamento perfeito, filhos, sogra, cachorro e papagaio, alimentadas por nossas famílias. Desde criança somos ensinados que eventualmente iremos nos casar e, com isso, atingiremos a tão almejada felicidade, em um estilo meio "zerar a vida". O resultado é que todas as nossas decisões e escolhas acabam sendo determinadas por esse objetivo final, fazendo-nos abrir mão de tantas oportunidades e experiências..

Afinal, o amor é vermelho, quente, muitas vezes doloroso. É aquilo que nos deixa tão mal quando aparece, e tão pior quando some. É o que nos tira da morosidade da vida e nos coloca em um estado de emergência, no qual nunca temos certeza de onde estamos pisando. A paixão nos deixa irracionais, loucos, sem pensar muito nas consequências. Meus melhores erros eu cometi porque estava apaixonado. Coisas que, olhando para trás, não entendo como consegui fazer, porque simplesmente não estava pensando.

Mas, no final de tudo, temos sempre a certeza que o amor vale a pena. Mesmo que as consequências sejam problemáticas, mesmo que o relacionamento seja conturbado, mesmo que sintamos tanta dor, não existe nada melhor nesse mundo do que se apaixonar. Porque o amor nos lembra que estamos vivos.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

A distância do desejo

Navegar é preciso
ouvir os céus, seguir o mar
Mas desde já te aviso
Que hei a ti de retornar

Vou assim beijando
as memórias de seus beijos
Imaginando minha boca
percorrendo por seus seios

Viver não é preciso
mas reviver o que me falta
Lábios que mergulho
Te adentrando sem ver nada

O calafrio que sente
É meu desejo em teu corpo
Cuja aura da cor quente
Segue rumo ao teu encontro

E assim disse Pessoa
Intercalado por Andrade
A vida é sim tão boa
Quando retorno da viagem.

Inconveniente

Ah, que criança mais mal criada é a paixão.
Quando mais tentamos senti-la, não se mostra
Quanto mais a ela resistimos, mais insiste.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

segunda-feira, 25 de março de 2013

(Não) Faça-me Parar

Estou dançando à melodia indefinida que criei
Só pra ouvir os sons lá fora.

Lá fora está tão frio.
Entre, venha comigo, aonde ninguém mais pode ver.

Sussurros Nublados

Entre espaços suaves de pulso fosco
Florescem os delírios avulsos
De sons gélidos,
cores ensurdecedoras

Por sussurros nublados vos conto
das noites quentes com gritos surdos
Desvios guiados a tudo
Esperando pelo interlúdio

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Egoísmo

Não me parece muito complicado perceber que todos somos egoístas. Não no sentido ruim da palavra, mas tudo que fazemos é para o nosso próprio benefício, mesmo esse sendo subjetivo.

Negar isso é negar a natureza animal do ser humano de sobrevivência. Claro que existem impulsos maternais e paternais em prol dos filhos, etc... Mas a essência do ser humano é claramente individualista.

Por isso defendo uma mudança no mundo através da própria evolução de cada ser humano, não conduzida por poucos "iluminados". Por isso hoje participo tão pouco de movimentos políticos.