segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Carta anônima

Vou viajar nessa semana, então não poderemos nos encontrar, como prometi.

Sei que tenho sido meio quieto, às vezes até meio esquivo, mas é porque não tenho certeza ainda do que sinto por você. E, mesmo se soubesse, não saberia o que esperar de você.

Você é para mim a pessoa mais instigante que já conheci. Queria eu que sua alma estivesse tão nua quanto seu corpo em minha mente. Minha visão, porém, é míope ao te ver, além de um tanto quanto dautônica. Seus pensamentos se perdem no embaçado de meus olhos. As cores de seus sentimentos se confundem diante de mim.

Perdi-me de um jeito totalmente novo quando te encontrei. Quero agora me achar.

Por isso, estou viajando.

Mas volto assim que puder.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Adeus, primeiro amor

Fui, pela primeira vez em muito tempo, ao cinema sozinho, assistir o filme cujo nome está no título desse post.

O filme é tipicamente francês, poucas falas, muitos olhares. Valeu a pena a empreitada, mas não é disso que eu quero falar.

Acontece que durante a sessão uma enorme nostalgia me abateu de forma rápida e surpreendente. Voltei três anos no tempo, em um período no qual me via cada vez mais no emaranhado de um amor tão profundo quanto doentio.

Ainda tenho lembranças fortes daquela época, na qual fui esmagado por um sentimento que não conhecia e acabou por me arrastar por uma estrada de muitas dores. Em teoria, creio que superei aqueles tempos amargos, que segui em frente. Porém, filmes como o que vi hoje, que giram em torno de um amor imaturo e insistente, me mostram o como tudo que eu ainda penso e faço hoje em dia é uma consequência daquela época.

Ainda sou imaturo quando se trata de relacionamentos, por que espero que todos eles sejam como o que ocorreu nos meus quinze anos, mas sem o sofrimento que  gerou. É utópico, quase, imaginar que vou atingir tal nível de intimidade e conexão em tão pouco tempo sem abrir feridas ainda mal cicatrizadas.

Tenho que diminuir o passo.

La demande pour un idéale

Je ne regarde pas pour la personne de ma vie, mais je cherche un idéale d'amour par lui-même.

Je voudrais, en effet que ma vie soit un film français. Beaucoup d'amour, boaucoup des sentiments. Seulement ça.

Síndrome de Atlas

Sou Áries com ascendente em Capricórnio.E isso não importa.

É incrível como sinto esse grande peso sobre meus ombros, sem motivo aparente. Hoje, porém, enquanto andava por Botafogo, pensei um pouco sobre isso.

Acontece que sou um tanto quanto impetuoso em relação a tudo a meu redor. E um tanto quanto romântico, o que é uma péssima combinação. Acabo por mergulhar sempre de olhos fechados pro mundo e a vida freia esse meu ímpeto romântico com a frieza da realidade na qual me afogo por fim.

Isso nos faz voltar ao meu signo. O ariano é justamente impetuoso e romântico. Já o capricórnio é o signo da prudência e do realismo. Essa contradição marca fortemente minha personalidade, mas tendo sempre mais para Áries. A vida, no entanto, comporta-se como meu ascendente, dando-me doses geladas de realidade e fazendo-me cair em frustração.

Sinto hoje que sou um colecionador de frustrações e é justamente esse o peso que pressiona meus ombros e impossibilita minha leveza.

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É engraçado notar minhas fases indo e voltando.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

ti mitico foif

Quero mergulhar em sua voz de mar
Em suas palavras talvez me afogar
Quero dizer, mas sem admitir
Que a sua lembrança me faz sorrir

Belas mentiras enfeitam tristes verdades
Nada parece realmente certo
Quando se sente o frio que arde
E ainda quer chegar mais perto

Sei que algumas turbulências virão
Sei que vou sentir frio no verão
Sinto tudo negar à minha volta
A chuva que vem, vai e retorna


Mas, sinceramente, não me importo.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Passagem

- O que você quer de mim?
- Seu amor. Apenas isso.
- O que você pede é demais.

Helena tentou afastar-se, mas Fernando continuou a cercá-la. Seu corpo fino continuava sendo cada vez mais pressionado pelos músculos de seu (ex)amante, que pareciam transpirar desejo.

- Ama-me - disse ele, com olhos escarlates.
- Não posso.
- Ama-me! - levantou o braço, e Helena se assustou.

Já agachada em posição fetal no canto da parede, sentia-se humilhada por aquele ser que tentava lhe impor um amor impossível através de sua força bruta. Não tinha para onde fugir, não tinha como se proteger. Estava à mercê do desespero de um homem incapaz de aceitar o fim de um sentimento ao qual tanto tinha se apegado. E ela nada poderia fazer por ele ou por ela.




segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

O equilíbrio (distante)

Tenho a tendência de buscar a leveza.

Leveza pra mim é liberdade, é não ter raízes, que te prendem a um lugar, uma consciência, uma opinião, um pensamento.

É poder andar sem rumo pensando em tudo e nada ao mesmo tempo. É poder apreciar a beleza de um momento trivial, o qual passa muitas vezes sem ser percebido.

É poder abrir um sorriso sem motivo.

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No entanto, estou sempre a procura de um amor. Não o amor leve, mas um amor profundo, pesado. Um sentimento que me faça girar em torno dos momentos em que estou com a pessoa amada.

Pesado o suficiente para me sentir pleno apenas quando estiver com ela.

Pesado o suficiente para me prender às maiores trivialidades dos momentos em que estiver com ela.

Pesado o suficiente para me fazer sorrir quando apenas penso nela.

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Seria essa a busca inconsciente de um equilíbrio?

Só sei que já estou sorrindo, mas não sei ao certo se é pela leveza ou pelo peso.


Abrindo Dezembro

Os minutos passam como areia em minhas mãos.
O tempo me escapa pelos dedos
como a água do mar num dia de verão

Admito, sou distante como a lua.
Por muitas vezes também disperso.

Acontece que esperei mil horas pra perceber
que eu não quero mais esperar.