quinta-feira, 29 de julho de 2010

Vergonha

Seu rosto ardeu quando a mão pesada da vergonha desceu-lhe à face, marcando-a com a raiva da incompreensão. E, apesar de sua força para não chorar, as lágrimas insistiram em lhe escapar aos olhos, não pela dor, mas pela tristeza de um sentimento reprimido.

- Nunca mais me envergonhe dessa maneira - disse sua mãe, com os olhos vermelhos de ódio.

As palavras pesaram como chumbo ao entrarem nos ouvidos de Helena, envolvendo-a em uma manta de horror. A morte vagava pelos arredores de sua alma, já sem vontade de viver.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Saudades

Saudade é sentir o cheiro sem provar
É ver o mar sem nele mergulhar
É ter papel e caneta sem poder escrever
É saber o que pensar, mas não o que dizer.

Saudade é se sentir incompleto
E de como se completar, você está certo
É saber de um livro que não se pode ler
É lembrar de você sem poder te ver.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Trecho blá

Cansada, parou e deixou-se deitar por alguns instantes. Suspirando pesadamente, fechou de leve as pálpebras e, para sua surpresa, percebia que, finalmente, conseguia enxergar. Quando antes o mundo passava por seus olhos e ela nada via, naquele momento sua cegueira extinguia-se rapidamente, revelando a vida por si só, sem remendos ou fantasias. Pela primeira vez, ela sabia o que era ver e não olhar.

Seu corpo nu suava lágrimas de felicidade. Enquanto seu espírito agitava-se em labaredas diversas, seu exterior parecia pedir nada senão descanso. Estava inebriada, como se sofresse de uma overdose de uma droga tão forte que paralisasse todos os seus membros, mas acelerasse seus pensamentos a um nível em que nem ela própria conseguisse acompanhá-los. Mas tanto era lindo quanto angustiante. Sentia perder o controle sobre si mesma, sem nem ao menos desejar tê-lo de volta.

domingo, 18 de julho de 2010

Ah, les françaises...

J'aime le français.
Mais qui ne l'aime pas? Le français est une langue très jolie et belle. En fait, la France en tout est un pays très jolie et belle. Qui ne l'aime pas?
Un chose je sais: si il y a quelque lieu pour vivre qui n'est pas le Rio de Janeiro, ce lieu est Paris.

Lição de moral

Se toda lágrima que caísse por alguém fosse valorizada em função do quanto está sentindo a pessoa que chora, haveríamos de molhar menos o chão.

Às vezes nem mesmo vale a pena escrever palavras belas, pois é tudo bonita fantasia que esconde a realidade. Se quiser a verdade, vai sofrer com ela.

A questão é que o valor de nossos sentimentos não é colocado na balança quando vamos agir. Isso é simplesmente monstruoso. Se for errar, pense no que o outro vai sentir.

Nossos sentimentos deveriam ser mais valorizados. São eles que nos levam a cometer nossos piores atos. Podemos nos machucar por causa deles, não só nós mesmos, mas também outros. Podemos morrer e matar por causa deles. E você não vai dar valor a isso?

Esqueça todo o externo. O que está dentro nós é o que temos de mais valioso. Guarde isso com carinho e lembre-se que o que você tem também tem aquele ao seu lado.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Só pra explicar

esses últimos "poemas" são só fruto do meu tédio.
coloquei eles aqui porque, de fato, não tenho nada mais interessante pra fazer.

Incerteza

Não sei quem me disse,
mas foi quem me viu
disse me ver andando,
reparou que estava chorando.

Nem sei quem me disse,
mas foi quem me ouviu
disse me ouvir sonhar,
ainda sentiu meus sonhos ao ar.

Na verdade, não era eu
que estava chorando
muito menos sonhando.

Quem me viu ou ouviu,
trocou-me por ti, amor,
mas quem diria, pois?

Nossos sonhos e lágrimas se compartilham.

Certa vez, acredite

Certa vez, me disseram
para acreditar em tudo,
na linda beleza do mundo,
e só por isso acreditar.

Certa vez, me disseram
para perseguir meus sonhos,
lutar por meus desejos
sim, foi isso que fizeram.

Não bastou muito, cresci.
Até vi que "certa vez"
muitas vezes não era tão certo
E que nem tudo que me diziam era verdade.

Já me disseram e disseram,
por certas e erradas vezes,
acreditei sem me perguntar
se o que me diziam era o que eu queria escutar.

Sonhei, lutei, sofri
Por fim, aprendi.
Certa vez, podem me dizer,
mas dessa vez, não vou acreditar.

domingo, 11 de julho de 2010

Mentiras e verdades

Fiz uma descoberta incrível.

De verdade.

Você pode não concordar comigo a princípio, mas se pensar no assunto, irá acabar chegando a mesma conclusão que a minha.

Estava a pensar em um livro. Pensei, pensei e pensei. Tal foi o empenho no raciocínio, que cheguei a imaginar as palavras que usaria para desenvolver as cenas.

Dar-lhe-ei um exemplo, mas você não precisa ler:

"Revolução, essa foi a palavra que ele disse. Perguntei seu significado, recebendo como resposta uma feição de surpresa. Ignorando minha ignorância, Renato respondeu-me com entusiasmo:
- Revolução é a conquista do povo. É a subversão aos valores burgueses impostos pela sociedade. É a vitória da massa contra os privilegiados...
E continuou a proclamar aquelas palavras sem semântica, aquelas frases não sintáticas. Eu, todavia, continuei a ouvir sem escutar, permanecendo apenas a apreciar a bela sonoridade de suas falas fora de contexto, como vento jogado pelo ar afora, sem que nada sentisse seu delicioso frescor..."

Ok, como eu disse, o objetivo não é você ler esse trecho, só queria mostrar o quão detalhada era a minha mente ao imaginar as palavras que eu usaria no livro.

Então, finalmente, me distraí e comecei a pensar outras coisas.

Olhe a surpresa, tudo que pensei era mentira! E o pior é que eu sabia disso, mas não conseguia pensar uma sentença que fosse verdadeira...

Parei e pensei no meu próprio pensamento. Percebi, por fim, que pensava como se escrevesse.

Entendeu?

Imagino que não.

A questão é: estava pensando como se estivesse anotando tudo que pensava em minha própria mente.

Por que, então, era tudo mentira?

Óbvio, era tudo escrito.

Concluí, afinal, que tudo que é posto em letras só pode ser mentira. Podemos dizer verdades ou não, mas, na escrita, não há opção. Escrevendo, só podemos mentir.

Em crônicas, contos, relatos, depoimentos, cartas, notícias, nada é verdadeiro. Sabemos disso instintivamente.

Diga a verdade: algum dia você acreditou em todo texto que leu?

Eu, pelo menos, não.

Formulei uma frase filosófica. Sintetizei todo esse pensamente "in a couple of words". Espero que goste:


A verdade pode ser dita, mas nunca escrita.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Tic Tac

Tic Tac

E bate o ponteiro dos segundos
O relógio o acusa irredutível

Tic Tac

Você já não sabe o que fazer
Sabe que o tempo é como areia,
escorre pela sua mão
Quando você percebe, já não o possui.

Tic Tac

E giram as setas da vida
Indicando-lhe o início da morte

Tic Tac

Toda vida pela qual passou
Tudo foi-se com o tempo
E agora o relógio lhe mostra
O quanto se perdeu no passado

Tic Tac...







PARA!








Tudo isso é idiotice.
O tempo não é nada.
Tudo é o agora

O passado já passou,
O futuro vai passar
Passe o momento
Mas não faça silêncio
pensando no tempo.