terça-feira, 21 de outubro de 2014

É sempre bom se lembrar

"A linguagem é uma legislação, a língua é seu código. Não vemos o poder que reside na língua, porque esquecemos que toda língua é uma classificação, e que toda classificação é opressiva: ordo quer dizer, ao mesmo tempo, repartição e cominação. Jákobson mostrou que um idioma se define menos pelo que ele permite dizer, do que por aquilo que ele obriga a dizer. Em nossa língua francesa (e esses são exemplos grosseiros), vejo-me adstrito a colocar-me primeiramente como sujeito, antes de enunciar a ação que, desde então, será apenas meu atributo: o que faço não é mais do que a conseqüência e a consecução do que sou; da mesma maneira, sou obrigado a escolher sempre entre o masculino e o feminino, o neutro e o complexo me são proibidos; do mesmo modo, ainda, sou obrigado a marcar minha relação com o outro recorrendo quer ao tu, quer ao vous; o suspense afetivo ou social me é recusado. Assim, por sua própria estrutura, a língua implica uma relação fatal de alienação. Falar, e com maior razão discorrer, não é comunicar, como se repete com demasiada freqüência, é sujeitar: toda língua é uma reição generalizada".

Malogramos sempre ao falar que amamos

O erro de Barthes é mais profundo.
Achamos que amamos porque assim falamos.

O que uma noite mal dormida não faz com você..

É tão fácil escrever assim

Ele andava discretamente, meio a torto, quase que tropeçando em seus próprios pés. Seu andar era apressado, de passadas curtas, meio curvas.

Pensava: "Que bem me faria uma buceta agora". Pensava com 'u' mesmo, quiçá acentuadamente.

Seu interesse por uma vulva não era meramente vulgar, sentia real necessidade de ter-se entre as pernas de qualquer moçoila a frente. Tal desejo seria facilmente substituível por um cigarro entre os dedos, mas a falta do mesmo tinha aquele efeito devastador sobre seu membro, que constantemente gemia e reclamava por um interior para si.

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Escrevo isso para me distrair, talvez amortecer meu marasmo. Escrever é minha maior preciosidade, minha maior força nesse momento.

Xiitas Imaginários

Concebem parasitários
Irritados, crassos, perdem o compasso
Seguem tortos pelo maço
Sentem-se povo, mas proprietários

Pelo luxo, rima rica
Perde-se o tesão de rimar
Pelo fluxo, queratina
Mas sem o medo de errar

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Há de se pensar o que se deseja quando estamos escrevendo. Por vezes, deseja-se nada, e, por vezes, tudo de uma vez. Acaba sendo tudo (e nada) a mesma merda.

Saudades de La Catedral.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Fase terceira de divulgação efêmera

Vi-me hoje a dar aula e aplicar uma prova que eu mesmo fiz. Apesar de minha fala rápida, conquistei a simpatia de uma turma há muito perdida na triste ciência da economia.

Chegando em casa pus-me a estudar para a prova de História Econômica Brasileira, da qual sofrerei a chaga amanhã de manhã. Imprudentemente, coloquei para tocar uma banda para a qual eu não havia ainda atentado, de eletro rap. No final, saiu uma música de minha cabeça, além do aperfeiçoamento de outras duas.

Estou grávido de um álbum faz uns dois anos. Ele já gestou tudo que poderia gestar, mas seu parto ainda não se deu por pura negligência parental. Hoje, disponho inclusive dos meios materiais para apartá-lo de minha mente e concretizá-lo fisicamente, mas falta-me tempo para o demorado e penoso processo.

Enquanto isso, continuo me atrevendo a sonhar. O sonho é meu cordão umbilical com um outro eu talvez mais feliz.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Distopia Uniforme

Uniformemente variado
Segue meu coração acelerado
Movimento em escalada
Melhor comer minha salada.

Isso mesmo que você leu.

Temática em dois tempos

Somos tantos a se sentir tão pouco
Caminhando vagos junto àqueles
que um dia quiseram não sentir nada
Pois sentir-se só é do nada pouco

Eterna multidão a crescer encolhida
Ruas cheias de almas sozinhas
Só lidam com a chegada ao dia
Solidão com afeição vazia

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Quebro-te, quebro-me
Permanecer apartados
A partir de nós mesmos
Um oceano acossado