sexta-feira, 30 de maio de 2014

Efemeridades

A efemeridade é bela, pois é fluida. Ela se move, desloca-se, às vezes sem nem perceber.
Ser efêmero é ser sempre algo além do que você já foi.

As efemeridades da vida talvez sejam o que ela tem de mais belo.
Ao nos atentarmos mais a elas, talvez percebamos melhor a preciosidade de viver.

Canso-me

Pergunto-me a razão dos deslumbres. Creio que por vezes o que está posto não me é suficiente, é preciso ir além, nem que para depois voltar.

Canso-me de quando em quando dessas viagens, talvez fosse tempo de ficar afinal onde estou. Perderia, no entanto, imagináveis espaços e tempos diversos, e assim, quem sabe, acabasse por me entediar novamente.

Parece que minha vida se resume a essa oposição entre o cansaço e tédio.

domingo, 25 de maio de 2014

Sonhos breves que se diluem silenciosamente por entre as mais cotidianas violências.

Frágil brilho que se fosca pelas intermutáveis constâncias de uma outra noite escura.


A pele se distende ao lhe tocarem os longínquos sopros daquilo que um dia quedou mudo. A ruptura silenciosa é a única a se fazer sentir diante do ruído da continuidade.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Diálogo meu comigo mesmo

- Está tudo bem?
- Está tudo bem longe de bem.
- Pelo menos você sabe que daqui só melhora.
- Sim, eu sei, a vida tende à felicidade.
- Então avante! Afinal, o horizonte é logo ali.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Tudo que fomos (e tudo que não somos)

Fomos a chama fluida cujo apelo derrete silenciosamente as bordas de nosso trôpego caminhar. Não somos hoje nada além da vagarosa lembrança que teima em me chamar para seu turbulento descanso.

Fomos a identidade líquida da sussurrante claridade de uma penumbra tímida. Não somos agora nem instante cujo desdenhar do momento haveria de quem sabe um dia liquidar.


Tudo que fomos é o que não somos. Nada do que somos foi o que fomos.

Tenho fome de novamente ser.