segunda-feira, 5 de maio de 2014

Tudo que fomos (e tudo que não somos)

Fomos a chama fluida cujo apelo derrete silenciosamente as bordas de nosso trôpego caminhar. Não somos hoje nada além da vagarosa lembrança que teima em me chamar para seu turbulento descanso.

Fomos a identidade líquida da sussurrante claridade de uma penumbra tímida. Não somos agora nem instante cujo desdenhar do momento haveria de quem sabe um dia liquidar.


Tudo que fomos é o que não somos. Nada do que somos foi o que fomos.

Tenho fome de novamente ser.

2 comentários:

  1. Ficou até com uma certa musicalidade, achei muito bonito e poético. Muitas vezes nós idealizamos um sentimento ou alguém, porém depois percebemos a mentira daquilo, isso gera às vezes asco, saudade ou poesia.

    ResponderExcluir
  2. Obrigado, Gyzelle! Sentimentos são tão sólidos quanto grãos de areia que escorrem por entre nossos dedos.

    ResponderExcluir