sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Amanhã virá

Tão cedo quanto ontem. Ao abrir seus olhos verá, o escuro se disformando em claridade. Terás a mim ao seu lado, olhos repousados no seu rosto, a tentar enxergar aquilo que ainda falta compreender, talvez mesmo visualizar. O que me sobra de sentimento, falta-me em entendimento do que nos faz ser tanto em tão pouco, o infinito em dois que se formam como um.

Resta-me pouco mais do que sonhar com o amanhã, no qual a realidade se mostrará mais atraente que o sonho, ou mesmo o devaneio. São tantas as travas, as dificuldades, e mesmo assim, ao olhar agora para você dormindo, mais serena que Veneza, tenho certeza que o horizonte está cada vez mais próximo, ainda a esmo, mas certeiro.

Sonho em continuar sem necessidade de sonhar.

sábado, 24 de agosto de 2013

Psicofarma Social

A Psiquê estará sempre subordinada ao Eros, refém de seu próprio olhar.

Burrices em série

Se das juras de amor damos ornamentos ao tempo, que seja, não é difícil aceitar a beleza das palavras, pois não são ao vento.
São essas imóveis, rígidas, que como dardos se fixam nas páginas que escrevemos, apenas para apontar o óbvio.
Talvez seja redundante, pode até não ter motivo de assim ser, mas afinal, nem tudo precisa de um fim, ainda mais quando sabemos que estamos começando apenas.
O amor será o meio pelo qual teremos um ao outro, mas para que tenhamos nossos sonhos realizados, precisamos antes sonhar.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Tic Tac 2

Das sete ao tardo pulso do sino da igreja, estamos nós prensados pela imperativa submissão ao relógio. Mal sabemos que, ao tentar controlar o tempo, acabamos controlados pela hora, essa medida imprecisa e contínua, que nos submete ao pesado fardo do horário.

O mundo passa o tempo de maneira cíclica, por vezes pendular. Quando se acaba um ciclo, inicia-se outro, seja por luas ou estações. Não há começos ou finais no tempo dos cosmos, apenas transições rotatórias. Ainda assim, insistimos em ver o caminho da vida de maneira linear, com os anos passando no calendário e os fios brancos a aparecer na região capilar.

Por enquanto, continuamos com os ponteiros apontados para nossos corações, reféns de opressivos relógios, de parede ou de pulso, analógicos ou digitais. Formas diversas são as que criamos para nos aprisionarmos nessa reta à insanidade, para o fim sem começo, para o começo destinado a um fim.

Mas um dia, quem sabe, nesse eterno pendular do universo, haveremos de encontrar um ponto no qual nos libertaremos desse limitado cartesianismo temporal, a fim de alcançar - quem sabe - a plenitude com nosso próprio tempo.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Branco, verde, alto, grande.

O que há por detrás dessa cidade, dessa pomposidade, dessa aparente beleza que se faz por grandes janelas verdes, é a falta de uma estética orgânica, mesmo que profana, mas ainda assim original. O luxo é o nêmesis do rótulo, ápice do invólucro, e não deixa de ser parte da podridão. Não queremos mais ser além do que temos, mais do que aparentamos ter, e isso pode vir a ser fatal. Se não para o corpo, para a mente, para alma, até para o coração.

Preparem-se para se destornarem.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Expansão Marítima

Navegamos por nós mesmos, no balançar doce das ondas que nos levam sem pensar.

Pois escolho a escotilha, por ela descansarei minha visão na deriva, a fim de ver o mar.

Esse que me envolve em sua imensidão, que me inunda meu desejo, ah, desespero,

Como anseio mergulhar. Pois o meu sossego, bom, esse só no fundo se dará.

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O mundo gira e cá estou, parado, no aguardo, mas nem sei de quê.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

O pouco que digo do muito que sinto é isso: o sétimo mar oriundo do quinto dos infernos... Mas de três finais possíveis, ainda é a primeira vez.




(Cansei de falar em metáforas, é a última vez que faço isso isso nessa semana. Só uso as palavras erradas, me sinto observado e, assim, enrolo minha escrita, tomo caminhos tortos, somente para chegar no lugar que você já sabe qual é)

Muitas palavras, pouco sentido

Notícias corridas, coisas vividas, tudo faz parte da vida.

Visando a mim mesmo, com tiro certeiro, acertando no que resta de mim.

Pode ser coisa pequena, um telefonema, uma tarde por fim.

Essas são como pouco tidas, uma carta não lida, talvez correspondida. Quem sabe?

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Chegando ao destino, pergunto-me a que me destino

Compartilhar meu sentimento e me inscrustar no encerramento

De tudo que havia, havia o melhor aqui dentro?

Mas sim, resisto, porque a vida não pode ser só isso.

Esse chá de sumiço, que tomo para aparecer só pra ti.

Entro, e lá dentro eu sinto: enquanto aí estiver, não desisto.

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Há interiores mais profundos.
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A luta é a mais forte das questões. A questão é a maior das lutas.
De pouco me vale o que sou. Sou quase nada, perto daquilo que há diante de mim. Eu ouço a pergunta, para depois dizer o tão esperado...

A verdade é aquilo que desconhecemos em nós. Intangível, pouco crível, mas sabemos (sentimos) que está lá.

Para o pior, por ela desesperadamente buscamos e, quando cremos que a alcançamos, nos vemos a sonhar.

O sonho é a verdade da mente, aquela que não mente, por desconhecer a mentira. O real está no que sonhamos.

 - Meu Deus, que coisa mal escrita -

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Palavras são um horizonte a esmo, mas, sem querer, eu vejo, mesmo a distância querendo me esconder.
Por linhas curvas se escreve errado, ortografia ao contrário, harmonia sem acorde.

Ouço a baixa melodia e, ao notar as poucas notas, tomo nota: não há porque tentar limitar o indefinido, nem expandir o ilimitado; essas são incongruências que dançam juntas entre si, numa mescla perfeita de valsa e capoeira.

Poucas coisas estão no lugar certo, porque não há o que se apontar de errado em suas localizações. A absoluta certeza só é de fato certa quando sentimos nos nossos pés.

Sim, nos pés.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

O que há mais no fundo?

Os lírios se abrem assim, sem pressa, por mais que insistamos em regá-los.

As flores são a maior expressão de desejo da natureza, essa imagem à qual nos apegamos de beleza.

Mal sabemos nós, o bonito é o caule levando a água arduamente da raiz até a ponta.

Deveríamos nos espelhar na dedicação do caule, não na imagem das flores.

Afinal, só assim elas se abrirão.
O porquê de tanto a se fazer, com tão pouco tempo a ter, é a pressa que nós temos de sentir. Pois o sentimento é um imperativo natural, algo do espírito que emana e ao qual temos que nos submeter.

Inspiro profundamente, procurando inspiração. Suspiro forte, a fim de exaustão.
Pouco me importa o conflito. Não há almejo de destruição no sentimento. Pois afinal,

Faz-se a insanidade por querer destruir o que se deseja ter.
Não há prêmios que mensurem isso. Não há prêmios.

Enfim, canso. Nada disso é o que quero, como se sabe.

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Pouco vejo. Nada prevejo. Cambaleio pelo desejo, a tudo isso alheio.
Ignorância é desespero.

Ignorar é o que tenho.
De qualquer forma, aqui estou. Entregue, então por mim navegue, sentimento. Sou inteira e absolutamente seu.

Mesmo que isso seja pagode

"Eu danço. Meio desajeitado, sem saber o que fazer com os braços. Mas meu ritmo segue, por vezes quebrado, com pisadas tortas, porém, que se importa? O importante é dançar.

Sei que amanhã estarei de joelhos. Não questiono o quebrar traiçoeiro. Mas sei que, ao acordar, vou dizer para mim mesmo:

Dancei."

sábado, 3 de agosto de 2013

De quando em quando, dois mais dois são cinco, tanto quanto um mais um acabam sendo muito mais do que dois, mesmo que em um. A matemática é a mais inexata das ciências, seus símbolos são facilmente desmembráveis e sua lógica pode ser completamente invertida. Nada é certo.

Pouco temos para nos apegar além do acaso, do que o caos do universo tem a nos oferecer. Não há direção definida, quanto menos um sentido a se seguir. Estamos nadando no aleatório.

Quando acho que estou fazendo tudo errado - o que ocorre frequentemente - lembro que não é o que eu faço ou deixo de fazer que determina meu presente, ou o futuro. Tudo há de se convergir por si só, eu sou um grão de areia diante da enorme praia do mundo.