segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Tic Tac 2

Das sete ao tardo pulso do sino da igreja, estamos nós prensados pela imperativa submissão ao relógio. Mal sabemos que, ao tentar controlar o tempo, acabamos controlados pela hora, essa medida imprecisa e contínua, que nos submete ao pesado fardo do horário.

O mundo passa o tempo de maneira cíclica, por vezes pendular. Quando se acaba um ciclo, inicia-se outro, seja por luas ou estações. Não há começos ou finais no tempo dos cosmos, apenas transições rotatórias. Ainda assim, insistimos em ver o caminho da vida de maneira linear, com os anos passando no calendário e os fios brancos a aparecer na região capilar.

Por enquanto, continuamos com os ponteiros apontados para nossos corações, reféns de opressivos relógios, de parede ou de pulso, analógicos ou digitais. Formas diversas são as que criamos para nos aprisionarmos nessa reta à insanidade, para o fim sem começo, para o começo destinado a um fim.

Mas um dia, quem sabe, nesse eterno pendular do universo, haveremos de encontrar um ponto no qual nos libertaremos desse limitado cartesianismo temporal, a fim de alcançar - quem sabe - a plenitude com nosso próprio tempo.

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