terça-feira, 2 de julho de 2013

Ciclovias de nós mesmos


Fui dar uma volta de bicicleta hoje à tarde. 

Na volta, como a ciclovia estava vazia, resolvi tentar abrir os braços e me equilibrar apenas com as pernas. Consegui por alguns segundos, quase caí, mas me segurei. Da segunda vez, consegui por um minuto, quase caí novamente, mas me segurei. E assim fui repetindo a sequência, até que por fim tinha conseguido andar uns bons minutos sem os braços. 

Foi libertador sentir o vento batendo sobre meu peito aberto, os carros engarrafados ao lado, torturando-se com as mais diversas buzinas. A bicicleta é a maior expressão da vida por si mesma, cujo pensamento vazio enche cada milímetro do meu ser, aliviando todo o peso da existência. O absurdo desse mundo ganha sentido, mesmo que o vejamos embaçado.

Afinal, é assim que vivo, abrindo os braços, mesmo sob o risco de cair. No fim, acabo expandindo meus limites, almejando novas possibilidades. Decido tais ações sem muito pensar, ou mesmo imaginar a queda. Porque cair faz parte, levantar é inevitável. Temível é imaginar uma vida não vivida, repleta de decisões que decidi não fazer, realizações não realizadas, beijos não dados, energias não trocadas. Porque são essas experiências que nos engrandecem e nos levam para mais perto da plenitude.

Afinal, de que adianta sobreviver à vida sem que vivamos? 

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