sábado, 7 de setembro de 2013

Personagem

Perco-me no peso da sua voz, que se expande em espaço ínfimo, infinito, dentro de mim. O ar tóxico de seu suspiro ainda bate em meu pescoço quando sonho, quando pesadelo de sua presença. Ainda não sei o que sinto, sinto dizer. Nem sei se gostaria de saber. O ambíguo, assim, torna-se mais que desejável, mas necessário à minha sanidade, ao meu talvez querer.

Talvez devesse querer menos, talvez o que eu queira seja demais ou muito pouco. Inadequado é sempre o que quero, mesmo sentindo que fosse tudo isso, seria pouco, muito pouco.

Vejo depois tudo uniforme, lateralmente. Mas você tudo une, em massa disforme, móvel, tensa. Creio na unidade de sua onisciência sobre mim, desnudando minha mente que nem eu nunca vi despida. Sua presença queima aqui dentro, como fantasma sólido, que adentra transcendentalmente meus interiores, mas com prazer carnal. Meus sonhos são a matéria que você molda a sua bel vontade.

Mas ainda pesa, sua voz. Seu cheiro lento ainda me atrai.

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