quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Pedaços guardados

A saudade acata (ataca) de tempos em tempos, de sorte que a nostalgia se instala, derramada sobre meu corpo que você tão apreciadamente beijava. Encontrei-me ao largo pesado de uma inexistência fria, gestada na ausência de seus lábios, nascida em doloroso e barulhento parto.

Mas não parto, me parto em pedaços para não me apartar da sua fragmentada lembrança, já embaçada por tantas lágrimas nas quais mergulharam meus olhos, minha boca, meu rosto. Sou e ainda serei parte de tudo aquilo que você foi para mim, enxugada de uma gorda inexpressão, mas ainda encontrando um canto nessa apertada existência de duas inconstantes presenças.

Perdão pelas incongruentes rimas que por ventura aparecem, teimosas em se fazerem notadas, como se urgissem por serem incômodo, apenas para saberem que ali se encontram. Nada posso fazer contra tamanha ânsia de ser.

Ainda hei de rabiscar mais para dar vazão à saudade, mas hoje já não escreverei mais, creio ter me esgotado a força para continuar remontando os pedaços que guardei de ti.

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