segunda-feira, 10 de março de 2014

Insensatez da infância

Há dois episódios que minha memória alcança de extrema insensibilidade e mesmo crueldade da minha parte para com outros. Por vezes é difícil digerir lembranças tão barbaramente impalatáveis, com um eu em tão torta construção naqueles dois momentos.

Ambos são de praticamente uma mesma época, algum lugar do tempo entre meus 10 e 12 anos - como se vê, nem tão infância assim, apesar de ainda predominante. Apesar da relutância em descrever tais atos, creio que seja hora de expô-los a fim de vomitá-los e, assim, expurgá-los de minha essência.

Trataram-se de episódios que culminaram em uma profunda análise de consciência, que me fizeram posteriormente divergir transversalmente do rumo que seguia meu ideário moral. Tais análises se fizeram imperativas pelas reações às minhas ações, que, pela coragem e humilhação, provocaram sentimentos de nojo e aversão própria dentro de mim.

Seria a "culpa da burguesia"? Talvez sim. Afinal, sou entusiasta da noção de que nossos maiores ideais não são determinados por uma construção racional própria, mas uma série de emoções que vivemos ao longo da vida que se misturam à nossa moral e formam uma visão singular de mundo. Não acredito que ideias se invalidem por partirem de uma culpa interna, ou qualquer outro sentimento moralista que seja. Creio, de fato, que esses sentimentos sejam pré requisitos para as ideias que defendemos.

Reluto ao expor os tais atos. Farei-o cruamente, de modo que não há de se esperar prazer e agradabilidade na leitura.

Ou não, talvez eu não esteja pronto para descrever os episódios. Desculpe, nenhuns leitores, não será dessa vez que me mostrarei cruelmente falho.

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